terça-feira, 22 de março de 2016

Maracaembu?!

Maracaembu ?!



No final, mais de 30 mil pessoas se divertiram com o clássico carioca, disputado no Pacaembu, em São Paulo.  Os times do Rio de Janeiro estão tendo de "se virar nos 30", pois os dois bons e grandes estádios da cidade maravilhosa estão comprometidos, em reforma e serão entregues para o COI  - Comitê Olímpico Internacional, visando as disputas dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro no segundo semestre deste ano. 

O jogo terminou num apagadinho zero a zero. Nenhuma grande jogada ou jogador a destacar nessa partida. Nem mesmo o quarteto de arbitragem teve deméritos, pois foi uma partida tranquila. O placar fez jus ao que vimos em campo.  

A ideia foi ótima. O marketing pensou bem e criou a excelente oportunidade de faturar bem. Aliás, muito, muito mais do que tem sido no próprio Rio de Janeiro.  As partidas, jogadas em estádio no interior do estado, têm tido rendas pífias e públicos irrisórios. Um pouco a "cara" do futebol carioca neste momento. Aliás, a sacada de trazer para São Paulo o jogo mais tradicional do Rio de Janeiro, foi boa, mas faz parte dos remendos que o pessoal do Rio tem feito com o próprio futebol. Afinal, são cinco anos de ciência de que iriam ficar sem estádios neste ano. E nada fizeram desde então. 


Pontos muito positivos!  

Nas ruas dos arredores do Estádio Paulo Machado de Carvalho, o mais paulistano da cidade de São Paulo, encravado no bairro do Pacaembu ( nome de origem indígena - tupi - que significa ' terras alagadas'), estava com aquela movimentação de público de grandes jogos. Era um grande jogo. Mas as camisas eram de cores desconhecidas da cidade.  E o mais gostoso. Andando nas ruas, pessoas com camisas diferentes, dos dois grandes clubes cariocas e absolutamente ninguém discutindo ou brigando com outros.  Que imagem histórica e feliz. Agradeci a Deus por poder ter presenciado estes momentos ricos de convivência humana, com H maiúsculo. Respeito. Dignidade. Pude enxergar um futuro promissor. Tudo bem, amigo do Rio que lê este blog. Você está dizendo que se fosse Flamengo contra o Vasco a história não seria bem essa, por causa da rivalidade e do "estilo" das torcidas organizadas dessas equipes. Ok. Pode ser. Mas foi ótimo poder "voltar no tempo", onde eu ia ao estádio, bem moleque, ainda, sozinho, algumas vezes, assistir a jogos que nem eram do meu time de coração e podia observar as torcidas juntas, camisetas lado a lado e na divisão na arquibancada, apenas uma "corda" com alguns policiais entre as duas organizadas.  Éramos mais civilizados. Isso se perdeu eu algum canto do tempo e da história. 



Mas voltemos ao FLA x FLU.  121 jornalistas apresentaram suas credenciais para trabalhar no jogo, inclusive este missivista.  Eu cheguei com dois minutos de jogo rolando, exatamente porque estava no entorno observando e registrando a movimentação das torcidas, da polícia, dos flanelinhas, dos cambistas e dos ambulantes. 

O choro dos "comerciantes" (Flanelinhas e vendedores ambulantes) era em coro. "Tá difícil". Depois que o Corinthians saiu daqui, acabou o trabalho. Foi uma frase dita por mais de uma dezena de "flanelinhas".  Os poucos estacionamentos regulares no entorno do estádio, normalmente cobravam de R$60 a R$100 (!!!) para o torcedor parar seu veículo. Ontem o preço era entre 30 e 40 reais.  Já os flanelinhas, que antigamente botavam aquela pressão, atualmente são mais "calmos" e pedem entre 10 e 20 reais. E, na grande maioria das vezes, indicam que o "cliente" poderá pagar depois do jogo.



E a polícia? Bem, a polícia, em quantidade mínima - isso também me impressionou positivamente, aparentemente e até onde apurei, não teve NENHUMA ocorrência registrada.  NENHUMA. Veja essa foto com as garrafas da cerveja da Champions League. Nesse lugar fica a divisória entre torcidas de times rivais (entrada das cadeiras numeradas e do famoso Tobogã).  Nunca que esses artefatos letais estariam assim dispostos num dia de Corinthians e Santos ou qualquer outro adversário entre os grandes de São Paulo. Realmente seriam armas. Tanto é sabido, que os ambulantes não podem vender nenhuma bebida com embalagem de vidro. Mas ontem, puderam. E foi tudo muito, muito tranquilo. Na entrada e na saída. Na saída, o placar e o jeitão do jogo, também ajudaram nesse sentido. 


Jornalismo FLA x FLU ? 


As tribunas de imprensa, as posições de rádios, nas coletivas e nas zonas mistas, foi uma presença diferente em Sampa. Afinal os jornalistas que cobrem o dia-a-dia dos times cariocas e o campeonato do Rio de Janeiro, tiveram de se locomover para a Capital Paulista. Nada de espetacularmente complicado, mas diferente, no mínimo. É claro que essa moçada da mídia esportiva acompanha um time carioca, quando joga fora do RJ. O inusitado é que se tratava de um FLA x FLU. Não inédito, mas inusitado. Em 1942, num torneio perdido no meio da história, o Quinela, teria o Corinthians campeão. Mas nessa competição aconteceu o primeiro FLA x FLU em São Paulo, no Pacaembu. Na época, terminou com o mesmo placar do encontro de ontem: 0 x 0.  




































 E desse modo, com a tarde quente, mas não sufocante do primeiro dia do Outono de 2016, o mais tradicional e famoso clássico carioca, aconteceu em São Paulo. O brinde final foi a presença de uma lua maravilhosa no céu paulistano. Presente dos deuses da bola, talvez...


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